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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Os Modeladores de Avalon


Em Tir-na-Moe, a Terra do Coração Vivo, Brigit cantava. Angus o Eternamente-Jovem, Midyir do Cabelo-Vermelho, Ogma
também chamado de Esplendor do Sol, o Dagda e os demais senhores do povo de Dana chegaram mais próximos para
ouvir a canção de Brigit:

É chegada a hora predita, uma dádiva divina se faz presente
Uma visão extasiante.
Seria uma a luz de uma nova estrela nascendo,
Uma flor para fora da noite?
Um jorro da Fonte da Beleza lançando
Espuma de alegria?
Seria o glorioso bater de asas de um pássaro imortal
Fazendo-o voar alto no céu?

Seria uma grande e espumante onda, melodiosa e triunfante
Se desfazendo em luz?
É uma estrela, de coração leve e feliz, um esplendor
Nascendo da noite.
É chama da morada dos Deuses, e o amor que antecede a ela,
Um deleite de tirar o fôlego.

Deixe a onda quebrar, deixe a estrela nascer, deixe a chama
Queimar.
Nossa, se nossos corações tiverem sabedoria,
De pega-las e mante-las

Brigit parou de cantar, e por algum tempo o silêncio dominou Tir-na-Moe. Até que Angus tomou a palavra:
"Estranha é a letra de sua canção, e estranha é a musica; ela empurra-me precipício abaixo, no ar, e eu continuo caindo,
caindo, caindo sempre. Tir-na-Moe é como um sonho só meio-lembrado. Eu sinto o suspiro destas estranhas palavras
em minha face, e a musica parecia ecoar cada vez mais alto, mas não era você que cantava. Quem estava cantando?"
"A Terra estava cantando-a."
"A Terra!" disse o Dagda. "Não é a Terra nos abismos do caos? Quem que já olhou para aqueles abismos ou ficou
escutando onde não há silêncio ou som?"
"Ó Senhor das Estrelas, eu tenho estado a ouvir. Eu tenho vibrado de ansiedade e medo ante a escuridão que envolve a
Terra.
Tenho escutado o chiar das águas negras e visto os monstros que devoram uns aos outros - Tenho observado o
crescimento da agonia nas profundezas do submundo."
A luz que pulsava dos Senhores dos De Danaan empalideceu quando eles tomaram consciência daquele abismo, e em
uníssono eles pediram: "Não conte-nos mais sobre a Terra, Ó Chama das Duas Eternidades, e deixe que sua lembrança
fuja de ti como o sonho foge à memória."



"Ó Galhos Prateados que nenhum Sofrimento Chacoalha," disse Brigit, "ouçam uma vez mais! A Terra protesta a noite
toda pois ela tem sonhado com a beleza."
"Que sonho, Ó Brigit?"
"A Terra tem sonhado com a alva paz da alvorada; com as estrelas que se vão antes do nascente; e com uma melodia
como a de minha musica."
"Ó Estrela da Manhã," disse Angus, "eu nunca havia ouvido esta música, e agora não consigo chacoalhar as imagens da
Terra para fora de meus pensamentos!"
"Por que iria você chacoalhar seus pensamentos, Angus o Compadecido? Você que tem se envolvido nas múltiplas
cores do Sol; não está ansioso por olhar as trevas e ouvir o troar das ondas abismais; não está feliz por poder levar
alegria ao Abismo?"
Angus não respondeu, mas estendeu sua mão e juntou um punhado de flores de um galho, então chacoalhou as flores
espalhando-as pelo ar, fazendo-as tornarem-se um lindo pássaro branco, que voou em volta dele cantando.

Midyir o Confiante levantou e, chacoalhando as brilhantes tranças de seu cabelo fez com que o brilho radiante o
envolvesse como se usasse uma Capa de Ouro.
"Eu estou ansioso para ver a escuridão," disse ele. "Ansioso por ouvir o troar do Abismo."

"Então venha comigo," respondeu Brigit, "Eu irei, e envolverei a Terra com meu manto, pois ela está sonhando com a
beleza."
"Eu limparei um local para seu manto," disse Mydyir. "Lançarei fogo entre os monstros."
"Eu também irei contigo," disse o Dagda, que também era conhecido como Harpista Verde.
"E eu," disse o Esplendor do Sol, cujo outro nome é Ogma, o Sábio.
"E eu," disse Nuada o Curador da Luz Alva.
"E eu,"disse Gobniu o Ferreiro dos Sonhos, "nós iremos reconstruir a Terra!"

"Boa sorte nesta aventurosa empreitada!" disse Angus. "Eu iria eu se tivéssemos a Espada da Luz você."
"Nós levaremos a Espada da Luz," respondeu Brigit, "e o Caldeirão da Fartura. A Lança da Vitória e a Pedra do Destino,
todas irão conosco, pois iremos gerar poder, sabedoria, beleza e consciência na Terra."
"Muito bem dito," clamaram todos os senhores De Danaan. "Nós levaremos as Quatro Jóias."



Ogma trouxe a Espada da Luz de Findrias, a gloriosa cidade das nuvens que ficava a leste da morada dos De Danaan;
Nuada trouxe a Lança da vitória de Gorias, a cidade do fogo brilhante à sul da morada De Danaan; o Dagda trouxe o
Caldeirão da Fartura de Murias, a cidade construída à oeste da morada dos De Danaan, a qual possui a quietude das
águas profundas; e Midyir trouxe a Pedra do Destino, de Falias, a cidade à norte da morada dos De Danaan e que
possui a resistência do diamante. E Brigit e seus companheiros seguiram viagem.

Eles caíram como uma chuva de estrelas até que chegaram à escuridão que envolvia a Terra. E olhando abaixo deles,
como que no final do Abismo, viram a vida agônica, contorcida e repulsiva que, sem objetivo, enxameava
incessantemente devorando a si mesma.

Diante daquela violenta agitação do abismo, todos os Brilhantes De Danaan se colocaram atrás de Midyir, que agarrou
firmemente à Lança Ardente e desceu como uma chama. Olhando para baixo, seus camaradas viram-no esmagando os
monstros como se esmagasse uvas para fazer vinho; eles viram o sangue e os restos daquela destruição encobrirem
Midyir até que ele ficou rubro dos pés à ponta da coroa em sua cabeça; eles o viram rodar a Lança tão rápido que ela se
tornou uma roda de fogo, soltando fagulhas e línguas de fogo; viram a chama engolfar a escuridão que ia e voltava em
ondas, espalhando-se como uma flor que se abre, tingindo a escuridão, primeiro de vermelho sangue, então vermelho, e
finalmente vermelho claro!

Midyir saiu do abismo, um Esplendido Rubi, e disse:
"Eu limpei um local para o manto. Lance-o, Brigit, e abençoe a Terra!"
E Brigit lançou o manto que, ao tocar a Terra, espalhou-se se desenrolando como uma chama prateada, tomando conta
do local que Midyir tinha limpado como o mar toma conta da praia na maré alta, e continuou a crescer e se espalhar,
pois toda impureza fugia da chama alva que brilhava na borda do manto de Brigit.



Parecia que ele iria espalhar-se por toda Terra, e somente Angus, o mais novo dos Deuses, não teve paciência para
esperar, saltando para Terra e firmando seus dos pés sobre o manto. A chama do manto apagou, tornando-se uma
névoa prateada em volta do jovem Angus.
E Ele correu por entre a névoa, rindo e chamando os outros Deuses à fazer o mesmo. Sua cativante risada terminou por
convencê-los e todos desceram à Terra.
Fazendo a neblina esvoaçante cobrir-lhes, fechando-se totalmente sobre eles, fazendo-os ver um ao outro como imagens
num sonho, estranho e fantástico. E eles riram quando se viram daquela maneira.

Mas o Dagda, que ainda tinha as mãos no Caldeirão da Fartura.
"Ó Caldeirão," disse ele, "você que da a todos o presente que merecem, dê-me agora um bom presente para Terra."
E tirou então as mãos do caldeirão e elas estavam cheias de um fogo verde e primaveril, o qual ele espalhou por todo
lugar, como um fazendeiro faria com sementes.
Angus parou e levantou esta verdejância primaveril da Terra; e nela cavou buracos; empilhou em montes; brincando com
ela como uma criança faria com areia.
E a medida que passava por seus dedos ela mudava de cor, brilhando como se fosse poeira de estrelas, azul, púrpura,
amarelo, branco e vermelho.

Agora, enquanto o Dagda espalhava o fogo esmeralda e Angus brincava com ele, Mananaun se preocupava com a
essência de vida monstruosa que eles haviam exilado e que observava por sobre as bordas do manto de Brigit.
Ele notou os olhos cinza-ferro daquelas criaturas estranhas espionando na escuridão e então tirou a Espada da luz de
sua bainha e avançou sua lamina brilhante do caos. As estranhas criaturas fugiram, sibilando num jato de espuma, mas o
mar se levantou para louvar a Espada numa grande onda que, com o som de um trovão, jorrava espuma por todo lado.
Mananaun girou a Espada uma segunda vez, e o mar levantou-se novamente numa onda verde como uma crisólita,
murmurando docemente, com a borda de uma espuma cor de ametista, púrpura, azul e branca.
Uma terceira vez Mananaun girou a Espada, e o mar novamente levantou-se para saudá-lo, numa onda branca como
cristal, indestrutível, continua, e silenciosa como a alvorada.

A onda então voltou ao mar, e Brigit levantou seu manto como uma névoa prateada. E os De Danaans voltaram a ver
tudo claramente. Eles viram que estavam numa ilha coberta com grama verde e cheia de montanhas, depressões e
caminhos tortuosos. Eles viram também que grama era cheia de flores, azuis, púrpuras, amarelas e brancas.
"Deixe-nos ficar aqui," Disseram os Deuses, "e criar beleza para que a Terra possa ficar feliz."
Brigit pegou a Pedra do Destino: ela brilhou branca como um cristal em suas mãos. "Eu deitarei a Pedra sobre este
local," disse ela, "no qual nós ergueremos um império."
E Ela colocou a Pedra na grama verde, que logo afundou-se na Terra. Uma musica ergueu-se a medida em que a
Pedra afundava. E subitamente todas as depressões e caminhos tortuosos foram cobertos com água, doce, viva e
brilhante, criando lagoas, rios e profundos lagos em cuja a água tremia apesar do silêncio.

"É este o riso da Terra!" disse Ogma, o Sábio.
Angus afundou seus dedo na água.
"Eu gostaria de ver os peixes azuis e prateados que nadavam no poço de Connla nadando aqui," disse ele, "e árvores
crescendo nestes lagos como aquelas com galhos cheios de flores que cresciam na Terra do Manto Prateado."
"Este é um nobre desejo, Angus, o Jovem," disse Ogma."mas os peixes de Connla são brilhantes demais para estas
águas, e as flores que crescem nos galhos prateados iriam secar e fenecer aqui. Nós devemos esperar e aprender os
segredos da Terra, e como o tempo criar árvores, escuras e diferentes, assim como peixes diferentes dos que tínhamos
nos poço de Connla."



"Sim," disse Nuada, "Nós criaremos outras árvores, e sob seus galhos correrão cães de caça diferentes dos cães de
Failinis e gamos que não possuem galhadas de ouro. Seremos nós mesmos os ferreiros e artífices do mundo, e
trabalharemos batendo a estranha vida que aqui existe em outras formas. Nós mesmos faremos ilhas ao norte daqui e
ilhas a oeste, e em volta delas poderão ficar as três ondas de Mananaun, pois nós criaremos e recriaremos todas as
coisas até que nada que não seja bonito reste em toda Terra."
"É um trabalho digno," clamaram todos os De Danaans, "nós ficaremos e criaremos, mas Brigit deve ir a Moy Mell e Tir-na-
Moe e Tir-nan-Oge e Tir-fo-Tonn, e a todos os Outros Mundos, pois é ela a Chama que Aviva de cada um deles."
"Sim, eu devo ir-me," disse Brigit.
"Ó Brigit!" disse Ogma, "antes de ir, de um nó de lembrança na borda franjada de seu manto para que sempre se lembre
deste lugar. E diga-nos, também, por qual nome devemos chamá-lo."
"Devemos chamá-lo a Ilha Branca," disse Brigit, "e seu outro nome deve ser Ilha do Destino; e seu outro nome deve
ser Avaloch." Então Ogma fez pequeno nó de lembrança na borda do manto de Brigit.

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